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Cerca de mil trabalhadores da CP poderão ser despedidos em 2012, caso o Plano Estratégico dos Transportes for executado pelo Governo.

"Com o programa de encerramentos, redução de serviços e o programa de privatizações podem estar em causa, só na CP, 900 a 1000 postos de trabalho", afirmou José Oliveira, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF).

Para o sindicalista, o encerramento de mais de 600 quilómetros de ferrovia de norte a sul do país, previsto para 2012, vai trazer "consequências graves" para os trabalhadores da empresa.

José Oliveira falava numa conferência de imprensa em Portalegre, onde vários sindicatos, associações e ambientalistas de Portugal e Espanha apresentaram uma carta enviada ao Governo a manifestar "total discordância" com o encerramento do Ramal de Cáceres e supressão de serviços na Linha do Leste.

Na missiva enviada ao Governo, as várias entidades mostram-se preocupadas com o encerramento do Ramal de Cáceres e a supressão de serviços na Linha do Leste, considerando que estas medidas vão "agravar" o isolamento das populações.

"Num momento de crise económica e social, a que se junta o elevado custo dos combustíveis, a supressão do serviço vem agravar o isolamento geográfico das regiões do distrito de Portalegre e da Extremadura espanhola e contribuir para as assimetrias regionais", lê-se na carta.

Nesse sentido, as organizações subscritoras da carta lançam um "apelo" ao Governo para que "reconsidere" a decisão de suprimir as ligações regionais na Linha do Leste e o encerramento do Ramal de Cáceres.

Na carta, os vários subscritores apresentam ainda um conjunto de soluções para a viabilização dos dois traçados e apontam os problemas que esses serviços possuem e que têm conduzido ao afastamento dos utentes.

A carta foi subscrita por várias organizações espanholas, entre as quais a Associación de Defesa de la Naturaleza de Extremadura (ADENEX), Comissiones Obreras, Confederación General del Trabajo, Sección Sindical Sindicato Federal Ferroviário CGT Cáceres e Unión General de Trabajadores da Extremadura.

Do lado português, o documento foi subscrito pelo Grupo dos Amigos da Ferrovia do Norte Alentejano (GAFNA), Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF), União dos Sindicatos do Norte Alentejano, QUERCUS e município do Crato.

De acordo com o Plano Estratégico dos Transportes, o Governo pretende encerrar 622,7 quilómetros de linha ferroviária a passageiros até ao final do próximo ano.

A Linha do Leste, onde serão suprimidos comboios de passageiros, abrange os concelhos de Abrantes (Santarém), Ponte de Sor, Alter do Chão, Crato, Portalegre, Monforte e Elvas.

Também este ano, a 1 de Fevereiro, a CP suprimiu no norte alentejano os comboios de passageiros no Ramal de Cáceres, alegando que "os cortes na oferta no serviço regional" estavam a ser efectuados no âmbito de um "esforço de racionalidade económica" da empresa.

Desde essa data, circulam apenas no Ramal de Cáceres comboios de mercadorias e o comboio internacional "Lusitânia Express" que faz a ligação Lisboa-Madrid.

Com o encerramento do Ramal de Cáceres, o comboio internacional "Lusitânia Express" será transferido para a linha de Vilar Formoso-Salamanca.


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